Bolsas
O índice Ibovespa fechou a semana em queda de 0,7% em reais e 2,3% em dólares, atingindo os 127.600 pontos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, levando-a a 10,50%, conforme esperado. A decisão dividiu o comitê, com quatro diretores indicados pelo governo atual votando por um corte de 0,50 ponto percentual, o que pressionou o dólar e a curva de juros. A projeção do time de Macro XP é de mais dois cortes adicionais de 0,25 ponto percentual, com a taxa Selic terminal atingindo 10,0%. O IPCA na sexta-feira ficou levemente acima das expectativas, com uma desaceleração na medida acumulada em 12 meses. No entanto, essa leitura não foi suficiente para alterar as perspectivas de juros.
Na Europa, o índice Stoxx 50 subiu 3,4% em meio a uma temporada de balanços positiva e sinais de que os bancos centrais da Europa e da Inglaterra estão próximos de reduzir as taxas de juros. Os índices americanos também encerraram a semana em território positivo, refletindo a temporada de resultados e uma diminuição nas preocupações sobre o mercado de trabalho.
No Brasil, foi uma semana agitada de divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2024, com mais de 100 empresas apresentando seus números. Até o momento, 112 das aproximadamente 160 empresas cobertas pela XP divulgaram resultados, com 43% superando as estimativas de EBITDA, 41% ficando em linha e 14% ficando aquém das projeções dos analistas. Em média, a surpresa positiva do EBITDA foi de 9,7% até agora.
A maior alta da semana foi da Rede D’Or (RDOR3), que registrou um aumento de 14,2%, além de relatar resultados positivos e anunciar uma joint venture com a Atlântica Hospitais para investir em hospitais. Destaque também para a BRF (BRFS3), que subiu 9,6% após apresentar resultados do primeiro trimestre de 2024 acima das expectativas do mercado. Por outro lado, a Braskem (BRKM5) teve uma queda de 17,3% na semana após notícias de que a Adnoc desistiu de comprar uma parte da empresa.
Perspectivas Globais: Fed diverge dos outros bancos centrais
Os dados econômicos do primeiro trimestre nos Estados Unidos mostraram-se robustos, com indicadores de mercado de trabalho superando expectativas e sinais de reaceleração da inflação ao consumidor. A média móvel de seis meses do CPI super core registrou uma alta significativa de 6,1% em março. Diante desse cenário, o Federal Reserve (Fed) manteve sua taxa de juros de referência entre 5,25-5,50% pela sexta vez consecutiva em sua reunião de maio. O presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que as taxas provavelmente permanecerão altas por mais tempo, descartando a possibilidade de novos aumentos por enquanto.
No entanto, vemos o Fed reduzindo as taxas pela primeira vez em dezembro, considerando o atual contexto econômico. Enquanto isso, o Banco Central Europeu (BCE) parece mais inclinado a iniciar um ciclo de flexibilização monetária, com expectativas de cortes nas taxas básicas até o final do ano. No Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE) pode seguir uma trajetória semelhante, esperando até agosto para ajustar sua política monetária.
Cenário Brasileiro: Desempenho positivo no 1º trimestre
No Brasil, os indicadores econômicos do primeiro trimestre mostraram-se favoráveis, com destaque para o consumo das famílias e a recuperação dos investimentos. O PIB cresceu 0,7% em relação ao trimestre anterior, impulsionado pela solidez do mercado de trabalho e pelo aumento da renda real disponível. Estimamos um crescimento anual do PIB de 2,2% para 2024, com a taxa de desemprego atingindo seu menor nível em quase dez anos.
No entanto, as incertezas globais e domésticas podem impactar a atividade econômica no segundo semestre, exigindo parcimônia nas projeções futuras. As mudanças nas condições financeiras e a pressão sobre as contas públicas são desafios a serem enfrentados.
Contas Públicas: Melhora no curto prazo, desafios no horizonte
As revisões nas projeções macroeconômicas impactaram as estimativas do resultado primário, com uma melhora no curto prazo, mas desafios persistentes no horizonte. O governo pode obter ganhos adicionais com a reoneração da folha e dividendos extraordinários, mas o crescimento das despesas previdenciárias continua a ser uma preocupação.
Setor Externo: Depreciação cambial e riscos fiscais
A recente depreciação cambial reflete tanto fatores globais quanto locais, como perspectivas de juros mais altos nos EUA e ruídos políticos internos. A inflação apresenta um cenário benigno no curto prazo, mas desafios persistem no médio prazo, especialmente relacionados aos preços do petróleo e à taxa de câmbio depreciada.
Política Monetária: Avanço com cautela
Diante das pressões inflacionárias, espera-se uma flexibilização monetária mais gradual e cautelosa, com uma possível elevação na taxa Selic terminal. O cenário futuro será altamente dependente da taxa de câmbio e das expectativas de inflação.
FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/brasil-macro-mensal-maior-incerteza-mais-parcimonia/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-cai-com-decisao-de-juros-dividida-em-semana-movimentada-pela-temporada-de-balancos/
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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