Copom mantém tom firme contra a inflação
A ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), referente à reunião de janeiro, realça as dificuldades para conter a alta de preços. As estimativas para o IPCA seguem acima do objetivo oficial, e o colegiado apontou riscos de alta inflacionária, ressaltando que a desaceleração econômica ainda não se encontra totalmente confirmada. O Copom também demonstrou preocupação com as expectativas do mercado e reconheceu que eventuais impactos de uma possível “guerra comercial global” podem, em certa medida, aliviar o quadro, caso os cenários que já se refletem nos preços não se concretizem.
Analistas avaliam que essas considerações reforçam a previsão de a Selic alcançar 15,50%. Ainda assim, se o câmbio permanecer em níveis mais favoráveis e o ritmo da atividade econômica enfraquecer mais rápido, o ciclo de ajuste dos juros pode terminar já em maio, antecipando o cenário-base atual, que prevê o encerramento em junho.
Produção industrial em queda, mas resultado surpreende
A indústria brasileira recuou 0,3% na passagem de novembro para dezembro, desempenho que, apesar de negativo, superou as projeções de contração em torno de 1%. Foi o terceiro mês consecutivo de retração na produção, com 3 das 4 categorias econômicas e 15 dos 25 segmentos manufatureiros apresentando queda. No acumulado do quarto trimestre, houve redução de 0,1% ante o período anterior, mas ainda assim se registrou aumento de 3,1% quando comparado ao quarto trimestre de 2023. Para este ano, a expectativa é de maior dificuldade, devido aos juros mais altos, renda das famílias em expansão moderada e percepção crescente de risco no ambiente de negócios. No entanto, não se espera um tombo acentuado no setor fabril.
Renovações no Congresso Nacional
As eleições no Legislativo resultaram em trocas de comando. Hugo Motta assumiu a presidência da Câmara dos Deputados, substituindo Arthur Lira, enquanto Davi Alcolumbre foi eleito para dirigir o Senado. A partir de agora, o Planalto busca avançar com o Orçamento de 2025 e defender as prioridades do Ministério da Fazenda, entre elas a regulamentação da reforma tributária sobre consumo e a isenção de Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil. Contudo, permanecem entraves como o impasse acerca das emendas travadas no último exercício e as negociações para possíveis mudanças ministeriais.
CENÁRIO INTERNACIONAL
Mercado de trabalho dos EUA segue aquecido
Nos Estados Unidos, o relatório de emprego (Nonfarm Payroll) registrou a criação de 143 mil vagas em janeiro, um número abaixo das previsões, mas que ainda reflete certa firmeza. A taxa de desemprego recuou de 4,1% para 4,0%, mantendo-se em patamar historicamente baixo. Em 2024, o país gerou quase 2,0 milhões de empregos, após ter criado 3,0 milhões em 2023. Apesar de indícios de perda de ímpeto, o mercado de trabalho americano continua apertado. Diante desse quadro, analistas acreditam que o Federal Reserve (Fed) não retome os cortes de juros neste ano, pois considera a inflação ainda sujeita a pressões de alta e vê a economia operando de modo equilibrado com a taxa vigente.
Dólar valorizado e rumo protecionista de Trump
O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a administração Trump mantém a defesa de um dólar forte. Já Jamieson Greer, indicado para a posição de representante comercial, diz analisar a adoção de tarifas de importação de alcance geral, com o objetivo de reduzir o déficit externo do país. O governo também promete taxas equivalentes às que outras nações impõem aos Estados Unidos, mas não especificou quais países seriam afetados. As tarifas comerciais contra Canadá e México, anunciadas inicialmente em 25%, foram postergadas por 30 dias após um acordo para reforçar a fiscalização das fronteiras e coibir imigração e tráfico de entorpecentes. Com a China, porém, segue em vigor a taxa geral de 10%. Em resposta, o gigante asiático informou que, a partir de 10 de fevereiro, aplicará 15% sobre carvão e GNL, além de 10% em petróleo cru, máquinas agrícolas, picapes e determinados veículos de luxo norte-americanos. A Casa Branca confirmou um contato telefônico entre os líderes dos dois países nos próximos dias.
Europa vislumbra leve alívio nos preços
Na zona do euro, a inflação ao consumidor passou de 2,4% em dezembro para 2,5% em janeiro, puxada principalmente pelo encarecimento da energia. No entanto, o índice que exclui itens voláteis manteve-se em 2,7%, enquanto o setor de serviços desacelerou, sinalizando algum alento para o Banco Central Europeu. A entidade ainda lida com o desafio de equilibrar o controle da inflação em alta e o fraco crescimento econômico na região.
MERCADO DE AÇÕES
Ibovespa encolhe 1,2% na semana
O principal índice da B3 terminou o período em queda de 1,2% em reais e 0,2% em dólares, aos 124.619 pontos. Lá fora, os mercados começaram a semana pressionados pela decisão dos EUA de impor tarifas sobre produtos de Canadá, México e China. Contudo, o humor melhorou quando Washington adiou em um mês a aplicação de boa parte dessas medidas. A cautela voltou, porém, após Donald Trump mencionar a adoção de novas represálias comerciais contra um grupo não especificado de países. Somaram-se a isso dados econômicos fracos, como o ISM de serviços, e balanços que decepcionaram, sobretudo nos setores de tecnologia (caso de Google e AMD) e de outras áreas da economia americana. Ao todo, das 308 empresas do S&P 500 que já divulgaram resultados do quarto trimestre de 2024, 77% bateram as projeções de lucro, com surpresa média de 6,6%, de acordo com informações da Bloomberg. No Brasil, teve início a temporada de balanços do quarto trimestre, destacando instituições bancárias relevantes.
Os números vieram sólidos, mas as projeções para o ano revelaram cautela, principalmente devido ao cenário macroeconômico adverso. O mercado também ficou atento às declarações do ministro Wellington Dias, responsável pelo Bolsa Família, que sugeriu possíveis ajustes no programa para mitigar a inflação dos alimentos. O anúncio gerou divergências com a equipe econômica e, consequentemente, pressão sobre a curva de juros — o DI/jan 34 abriu 16 pontos-base. Embraer (EMBR3, +4,4%) figurou entre os melhores desempenhos, após anunciar um contrato de venda de aeronaves para a FlexJet, estimado em cerca de US$ 7 bilhões. Já Azul (AZUL4, -17,8%) liderou as baixas, diante das dificuldades para concretizar uma fusão com a Gol e do plano de levantar até R$ 6,1 bilhões em nova oferta de ações.
FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-ata-do-copom-reforca-cenario-de-inflacao-desafiador/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-recua-em-meio-a-ruidos-globais-e-domesticos/7
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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