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Panorama de Mercado

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Brasil mantém Real valorizado, mas projeções seguem pessimistas para 2025
Nos últimos dias, o câmbio nacional registrou apreciação para aproximadamente R$ 5,90 por dólar, resultado que posicionou o Real entre as moedas emergentes de melhor desempenho. Especialistas atribuem esse recuo, em grande medida, ao cenário internacional, diante de sinais de que a política comercial dos Estados Unidos possa ser menos dura do que a retórica de Donald Trump durante sua campanha sugeria.
Apesar da recente valorização, há projeções de que a taxa de câmbio alcance R$ 6,20 por dólar ao término de 2025. Em avaliação de analistas, os fatores que impulsionaram a desvalorização do Real no fim de 2024 continuam presentes, o que tende a manter elevados os prêmios de risco nos mercados locais.

 Prévia da inflação acende alerta para serviços
O IPCA-15 de janeiro, indicador que antecipa a inflação oficial, avançou 0,11% em comparação a dezembro, superando a estimativa de -0,02%. No acumulado de 12 meses, o índice diminuiu de 4,71% para 4,50%. Ainda assim, o segmento de serviços exibiu forte pressão: o núcleo do setor, sem itens mais voláteis, registrou alta de 0,96% no período. Componentes habitualmente mais estáveis, como aluguéis, que em 2024 haviam mostrado comportamentos moderados, também aceleraram consideravelmente em janeiro.
Os serviços intensivos em mão de obra, métrica observada de perto pelo Banco Central, avançaram 0,85%. Além disso, os principais indicadores vinculados à inflação seguem acima da meta de 3%. Diante desse panorama, mantém-se a estimativa de 6,1% para o IPCA de 2025, com viés de alta.

Reforma do Imposto de Renda está entre prioridades do governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enumerou 25 medidas econômicas consideradas essenciais para 2025. Entre as principais propostas estão o aperfeiçoamento do arcabouço fiscal, a reforma do Imposto de Renda — que deve isentar quem recebe até R$ 5 mil por mês — e a regulamentação da recente reforma tributária, incluindo a instituição do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), além de fundos e imposto seletivo.

Orçamento pressiona manutenção de programas sociais
O governo assegurou a continuidade do Auxílio-Gás mesmo após ficar sem recursos para bancar todas as parcelas de 2025. Do total aprovado de R$ 600 milhões, a verba cobre somente uma das cinco parcelas previstas. Inicialmente, o Ministério do Desenvolvimento Social não dispunha de calendário ou garantias de pagamento, mas, posteriormente, comprometeu-se a ajustar as despesas para honrar o programa. A primeira parcela de 2025 está marcada para fevereiro. Paralelamente, o Tribunal de Contas da União (TCU) bloqueou R$ 6 bilhões do programa Pé-de-Meia — iniciativa que oferece incentivos financeiros e educacionais para alunos do ensino médio público — devido à falta de previsão orçamentária. Com isso, restou apenas R$ 1 bilhão para custear o projeto, quantia classificada como insuficiente. Em resposta, Haddad afirmou que busca uma solução provisória em diálogo com o TCU, enquanto trabalha para incluir os recursos necessários no Orçamento Geral da União.

Governo descarta subsídios para controlar preços de alimentos
Em meio às especulações de que seria criada uma rede popular subsidiada para reduzir os preços de alimentos, o Ministério da Fazenda negou qualquer plano de intervenção direta nesse mercado. O ministro Fernando Haddad ressaltou que “não existe espaço fiscal para esse tipo de medida” e defendeu que a melhor estratégia passa por ampliar a concorrência, aperfeiçoar o ambiente de negócios e equilibrar as contas externas.

Cenário Internacional

Sem aumento imediato de tarifas na primeira semana de Trump
Nos Estados Unidos, Donald Trump iniciou o mandato com decretos voltados a imigração, clima e questões geopolíticas. Entre as decisões, estão a declaração de emergência na fronteira sul, a saída do país do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde, além do anúncio de “retomada” do Canal do Panamá. Durante participação no Fórum Econômico Mundial de Davos, Trump requisitou a redução imediata das taxas de juros, tanto no mercado americano quanto em outras economias, e sinalizou que pressionará a Arábia Saudita e a Opep a reduzir o valor do petróleo. Ele também ameaçou aplicar tarifas a empresas que optem por fabricar fora dos EUA. Embora tenha reiterado a intenção de elevar as tarifas de importação, o presidente não forneceu datas ou percentuais definitivos. Há apenas a indicação de que uma alíquota de 10% pode incidir sobre produtos vindos da China a partir de 1º de fevereiro, ao passo que outras regiões, como México, Canadá e União Europeia, podem se tornar alvo de medidas semelhantes.

Japão leva juros ao maior nível em 17 anos
O Banco Central do Japão (BoJ) aumentou a taxa básica de juros de 0,25% para 0,50% — o maior patamar em 17 anos. Segundo Kazuo Ueda, presidente da instituição, novos ajustes podem ocorrer, contanto que a elevação salarial e a inflação sustentem esse movimento, mas não há clareza sobre o ritmo dessas mudanças. O aumento interrompe um longo período marcado por deflação e crescimento estagnado no país. Após o anúncio, os títulos públicos japoneses de 2 anos passaram a oferecer 0,725% ao ano, nível não visto desde outubro de 2008. Os analistas de mercado preveem outro acréscimo de 0,25 ponto percentual nos juros até o fim deste ano.

Cessar-fogo entre Israel e Hamas inicia com troca de reféns, mas futuro é incerto
Entra em vigor o acordo de cessar-fogo firmado entre Israel e o grupo Hamas, após mais de um ano de confrontos. As duas primeiras etapas envolvem a liberação de reféns de ambos os lados e, a partir de 3 de fevereiro, começa a fase de negociações para reconstruir a Faixa de Gaza. Apesar da trégua, não há garantia de encerramento definitivo do conflito. Em pronunciamento oficial, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que o atual acordo é “temporário”.

Pressões inflacionárias na América Latina; repercussões externas variam de neutras a negativas
Segundo relatório sobre a economia global e latino-americana divulgado neste mês, as movimentações iniciais do governo Trump podem ter reflexos relevantes para diversos países da região, em especial o México. Para Brasil, Chile e Colômbia, a análise aponta impactos entre neutros e negativos. No contexto interno, as nações vizinhas vivenciam um processo de desinflação e desaceleração, mas ainda lidam com riscos de inflação persistente. O México, por exemplo, mantém cortes de juros graças ao patamar historicamente elevado de sua taxa real, enquanto o Chile se vê pressionado pela desvalorização cambial e pelo aumento recente de custos. Já na Colômbia, o cenário fiscal indefinido e o reajuste do salário mínimo acima do esperado demandam cautela. Nesse ambiente, a tendência é que as autoridades monetárias da região adotem posturas mais conservadoras nos próximos meses.

Mercado de Ações

Ibovespa fecha com leve ganho; volatilidade marca sessão
O Ibovespa encerrou a semana com elevação modesta de 0,1% em reais, mas registrou alta de 2,7% em dólares, totalizando 122.447 pontos. A liquidez do principal índice da B3 permanece restrita, com negociação diária média (ADTV) de R$ 12,6 bilhões até quinta-feira. Em janeiro, a média fica em R$ 14,9 bilhões, abaixo dos R$ 16,4 bilhões observados nos últimos 12 meses. Parte dessa redução reflete o feriado nos Estados Unidos, que reduziu a atividade global de negociação. No exterior, os holofotes se voltaram para a posse de Donald Trump na Casa Branca. Apesar de declarações protecionistas, o novo presidente não impôs tarifas em seus primeiros dias, o que alimentou certo otimismo nos mercados. No Fórum Econômico de Davos, ele defendeu corte imediato de juros e classificou o preço do petróleo (Brent) como excessivo, levando a uma queda de 3,0% na cotação do barril. Paralelamente, a temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 segue superando previsões nos EUA: das 78 empresas do S&P 500 que divulgaram resultados, 79% apresentaram lucros acima das estimativas, com surpresa positiva média de 7,9%, de acordo com dados da Bloomberg. A fraqueza do dólar no período também se refletiu no recuo de 2,7% da moeda americana ante o Real, fixando a cotação em R$ 5,91. No plano doméstico, o IPCA-15 de janeiro surpreendeu para cima, em especial nos serviços, reforçando o quadro inflacionário. Para 2025, a projeção de 6,1% no indicador oficial permanece em alta. Entre as ações, Cogna (COGN3) subiu 9,6% após anunciar recompra de ações e figurar entre as preferidas de um banco de investimentos. Já Raízen (RAIZ4) recuou 7,4%, pressionada pela prévia operacional do terceiro trimestre de 2025, considerada aquém das expectativas, e pela consequente redução de preço-alvo por outra instituição financeira.

FONTE:https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-tem-leve-alta-mas-a-liquidez-permanece-baixa/
https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-acomodacao-no-cambio-mas-pressao-na-inflacao/

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

 

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