PIB surpreende positivamente mais uma vez
No segundo trimestre de 2024, o PIB do Brasil registrou um crescimento de 1,4% em relação ao primeiro trimestre, superando as previsões de um aumento de 1,0%. Esse desempenho veio após uma alta de 1,0% no trimestre anterior, reforçando a robustez da economia no curto prazo. Esse avanço foi impulsionado principalmente pela forte demanda interna, com o consumo se mantendo resiliente e os investimentos em recuperação. Outros fatores que contribuíram para esse cenário positivo incluem um mercado de trabalho aquecido, elevados níveis de transferências fiscais e maior concessão de crédito.
Revisamos para cima a projeção de crescimento do PIB em 2024, de 2,7% para 3,1%. Esse ajuste reflete as surpresas positivas no segundo trimestre e a força da demanda interna. Outro ponto importante foi a redução da expectativa de déficit primário, de 0,4% para 0,3% do PIB, graças ao aumento de receitas extraordinárias, elevando as chances de cumprimento da meta fiscal. Para 2025, no entanto, o desafio de aumentar a arrecadação e controlar os gastos permanece significativo. No que diz respeito à política monetária, projetamos uma elevação da Selic dos atuais 10,50% para 12,00% até janeiro de 2025.
Governo apresenta detalhes do PLOA 2025
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, que contém as projeções do governo para receitas e despesas no próximo ano, estima que o limite total de gastos será de R$ 2,249 trilhões. O ajuste fiscal dependerá quase exclusivamente de receitas, com uma previsão de R$ 168,3 bilhões em receitas adicionais, das quais R$ 121,5 bilhões virão de medidas extraordinárias e R$ 46,7 bilhões de receitas condicionais. Entretanto, essas receitas extraordinárias são incertas – para 2024, por exemplo, a previsão original foi reduzida em cerca de 40% e tem baixa probabilidade de concretização. As receitas condicionais também enfrentam desafios políticos, pois dependem da aprovação do Legislativo. No lado das despesas, o orçamento prevê uma revisão de R$ 25,9 bilhões, com foco em áreas como previdência e assistência social. Avaliamos que essas medidas terão impacto limitado no ajuste fiscal, dado o pequeno efeito sobre o valor médio dos benefícios e o fluxo de novos beneficiários, que tende a aumentar com o envelhecimento da população.
As incertezas orçamentárias continuam em 2025. Nossas projeções indicam um déficit de R$ 63,7 bilhões, menor do que o previsto pelo PLOA. Acreditamos que o orçamento se apoia em medidas incertas e será necessário buscar novas fontes de receita ao longo do ano para alcançar a meta, assim como ocorreu em 2024. Em relação às despesas, vemos uma subestimação nas áreas de previdência social e BPC/LOAS, mesmo considerando as medidas de revisão planejadas.
Secretário da Fazenda esclarece temas fiscais
Em entrevista ao “Estadão”, o Secretário Executivo da Fazenda, Dario Durigan, comentou que o programa “Auxílio-Gás” voltará a ser incluído no Orçamento de 2025 e respeitará as regras fiscais, após preocupações levantadas pelo PLOA de 2025, que sugeria um financiamento majoritário por renúncia de receita, contornando o teto de despesas. Ele também mencionou que a proposta de limitar o crescimento de despesas como previdência, saúde e educação a 2,5% acima da inflação – teto já imposto a outras despesas – está em discussão e que, no momento certo, o governo tomará uma decisão.
Durigan reforçou ainda o compromisso do governo em atingir a meta fiscal deste ano e não descartou medidas adicionais no final de 2024 para garantir o cumprimento do objetivo.
Diretor do Banco Central sinaliza início gradual de ciclo de alta de juros, caso necessário
Diogo Guillen, Diretor de Política Econômica do Banco Central, afirmou que a última ata do Copom sinaliza que, caso um ciclo de aumento de juros seja necessário, ele começará de forma gradual. Segundo Guillen, tanto o início quanto o fim dos ciclos de política monetária costumam ser marcados por ajustes moderados. O diretor também destacou que as decisões dependerão dos dados econômicos e que o principal mandato do Banco Central é manter a inflação na meta.
A nosso ver, a comunicação recente do Copom sustenta a expectativa de um ciclo gradual de alta de juros já na próxima reunião.
Produção industrial cai em julho, mas mantém tendência de alta
A produção industrial brasileira registrou uma queda de 1,4% em julho na comparação com junho, resultado abaixo das expectativas. No entanto, em comparação com julho de 2023, houve um crescimento de 6,1% na produção total. A análise setorial mostrou resultados positivos, com 18 das 25 atividades industriais registrando crescimento em julho. Notamos, em especial, o avanço em Bens de Capital, sinalizando um possível fortalecimento da Formação Bruta de Capital Fixo no terceiro trimestre, e em Bens de Consumo Duráveis, puxados pela produção de veículos, máquinas e móveis.
Esses dados não alteram nossa perspectiva de que a indústria brasileira segue em uma trajetória de crescimento no curto prazo.
Cenário internacional
Mercado de trabalho dos EUA mostra sinais de equilíbrio
Os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, referentes a agosto, foram divulgados recentemente. O Nonfarm Payroll reportou uma criação líquida de 142 mil empregos, abaixo das expectativas de 165 mil. Outros indicadores mostraram sinais mistos: o relatório JOLTS apontou para um reequilíbrio no mercado, enquanto o relatório ADP veio abaixo do esperado. Por outro lado, o indicador ISM de emprego apresentou um resultado mais forte e os pedidos de auxílio-desemprego permaneceram baixos.
O mercado continua dividido sobre a magnitude do corte de juros pelo Fed (0,25 p.p. ou 0,50 p.p.) na próxima reunião de setembro. Os dados sugerem um mercado de trabalho em reequilíbrio, mas ainda sólido. Nossa expectativa é que o Fed corte 0,25 p.p. nas taxas. O Diretor do Fed, Christopher Waller, corroborou essa visão, afirmando que o mercado de trabalho está equilibrado, sem sinais de recessão.
Presidente do Banco do Japão mantém perspectiva de alta de juros
Kazuo Ueda, Presidente do Banco Central do Japão, afirmou que a autoridade monetária continuará subindo os juros se houver sinais de aceleração da inflação. Mesmo após o aumento da taxa básica em julho, Ueda considera que a economia ainda está estimulada, já que os juros reais permanecem bastante negativos.
OPEP+ estende cortes na produção de petróleo
O preço do petróleo Brent caiu cerca de 9% nesta semana, atingindo US$ 71 por barril, o menor valor desde junho de 2023, em meio à percepção de uma queda na demanda global, especialmente da China. Como resposta, a OPEP+ decidiu estender os cortes de produção até o final de novembro. Até o momento, os efeitos dessa decisão foram limitados.
A queda no preço do petróleo beneficia a inflação global, mas prejudica a balança comercial e a arrecadação de países produtores, como o Brasil.
Bolsa
O Ibovespa recuou 1,0% em reais e ficou estável em dólares, encerrando a semana aos 134.572 pontos. Nos mercados internacionais, houve volatilidade devido aos dados mistos dos EUA, com o S&P 500 caindo 4,2% e o Nasdaq 5,8%
O destaque doméstico foi o crescimento do PIB no segundo trimestre, que reforçou o cenário de uma economia aquecida e aumentou as expectativas de um novo ciclo de alta de juros. Nosso time revisou a estimativa do PIB para 2024 para 3,1% e espera um corte de 0,25 p.p. na Selic na próxima reunião do Copom.
FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-pib-deve-crescer-ao-redor-de-3-em-2024/ https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-025-ou-050-eis-a-questao-mercados-globais-caem-na-semana-com-politica-monetaria-global-e-no-brasil-no-foco/
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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