Panorama de Mercado

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Gabriel Galípolo é Indicado para Presidência do Banco Central

O economista Gabriel Galípolo, atual Diretor de Política Monetária do Banco Central, foi indicado oficialmente pelo Presidente Lula para assumir a presidência da instituição a partir do próximo ano. A indicação, que já era amplamente aguardada pelo mercado, agora segue para a aprovação do Senado Federal, onde Galípolo passará por uma sabatina. Se aprovado, ele comandará o Banco Central de 2025 a 2028. Além disso, Lula ainda precisa nomear três novos diretores para as áreas de Regulação, Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, e Política Monetária, cujos nomes serão definidos em breve, conforme informado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

IPCA-15 de Agosto Não Traz Alívio

O IPCA-15, que é uma prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,19% em agosto comparado a julho, em linha com nossas expectativas. A inflação acumulada em 12 meses recuou de 4,45% para 4,35%, mas os detalhes do índice não trouxeram boas notícias. O núcleo da inflação, que exclui itens mais voláteis, avançou 0,28% no mês, com a média móvel trimestral anualizada (3M SAAR) permanecendo em 4,2%, acima da meta de 3%. Além disso, o núcleo de serviços teve alta de 0,39% no mês e 5,4% na média móvel trimestral, refletindo um mercado de trabalho aquecido e demanda doméstica robusta, o que deve manter a inflação pressionada nos próximos trimestres.

Diante disso, nossas previsões de curto prazo permanecem inalteradas. Projetamos que o IPCA de 2024 fechará em alta de 4,4%, impulsionado pela persistência da inflação de serviços e pela aceleração dos preços de bens industrializados. Com isso, acreditamos que o Copom deve iniciar um ciclo de aperto monetário moderado já na reunião de setembro para reancorar as expectativas inflacionárias.

Corte de Despesas de R$ 25,9 Bilhões: Estratégia do Governo

O Ministério do Planejamento detalhou o corte de R$ 25,9 bilhões nos gastos obrigatórios do Orçamento de 2025, anunciado em julho. Essa revisão de despesas incide principalmente sobre programas sociais e previdenciários, sem mudanças estruturais nas despesas obrigatórias. INSS e BPC, por exemplo, já respondem por metade do valor total dos cortes, somando R$ 13,7 bilhões. Além disso, o governo pretende reduzir R$ 2,3 bilhões do “Bolsa Família” para o próximo ano. Se essas medidas não atingirem os resultados esperados, o governo poderá ser forçado a realizar novos bloqueios e contingenciamentos.

Mercado de Trabalho Mostra Vigor

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a criação líquida de 188 mil empregos formais em julho. De janeiro a julho de 2024, foram geradas 1,490 milhão de vagas, superando as 1,175 milhão criadas no mesmo período de 2023, com destaque para o setor de serviços. O salário real de admissão cresceu 0,3% em julho ante junho e 2,2% em comparação com julho de 2023, enquanto o salário real de demissão recuou 0,1% no mês, mas subiu 1,4% em termos anuais. A taxa de desemprego mensal, medida pela PNAD Contínua, manteve-se em 6,8% em julho, próximo aos níveis mais baixos da série histórica, iniciada em 2012. Os rendimentos reais do trabalho cresceram quase 5% em comparação com julho de 2023, e projetamos que a renda real disponível às famílias cresça cerca de 6,5% em 2024, bem acima das estimativas iniciais.

Mantemos nossa visão positiva sobre o mercado de trabalho. Os altos níveis de emprego e renda devem sustentar a demanda nos próximos meses, mas também manterão a inflação de serviços elevada no curto prazo. Esperamos que o PIB cresça 2,7% em 2024.

Banco Central Intervém no Câmbio

O Banco Central do Brasil realizou sua segunda intervenção no mercado de câmbio este ano, ofertando até 1,5 bilhão de dólares para conter a valorização da moeda americana, sem previsão de recompra. Essas intervenções visam corrigir distorções pontuais e assegurar o bom funcionamento do regime cambial flutuante. Projetamos que o dólar terminará 2024 em R$ 5,40. Parte do prêmio de risco embutido nos ativos brasileiros deve se tornar permanente, mantendo o câmbio em patamares mais depreciados do que o sugerido pelos fundamentos econômicos, que indicam um intervalo entre R$ 5,00 e R$ 5,20.

Setor Público Registra Déficit de R$ 21,3 Bilhões em Junho

O setor público consolidado, que inclui União, Estados, Municípios e Empresas Estatais, registrou um déficit de R$ 21,3 bilhões em julho, pior do que o esperado pelo mercado. O Governo Central teve déficit de R$ 8,6 bilhões, os Governos Regionais de R$ 11,0 bilhões e as Empresas Estatais de R$ 1,7 bilhão. O déficit acumulado em 12 meses equivale a -2,3% do PIB. A Dívida Bruta do Governo Geral atingiu 78,5% do PIB, totalizando R$ 8,8 trilhões.

Cenário Internacional: EUA, China e Zona do Euro

Nos Estados Unidos, a inflação medida pelo PCE, deflator das despesas de consumo pessoal, subiu 0,16% em julho, ligeiramente abaixo do esperado. Nos últimos 12 meses, o PCE acumula alta de 2,6%, em linha com junho. A segunda estimativa do PIB dos EUA para o segundo trimestre mostrou crescimento anualizado de 2,95%, acima da leitura preliminar. O forte desempenho do consumo pessoal reforça a visão de que a economia americana está sólida, aliviando temores de recessão. Acreditamos que o Fed iniciará o ciclo de cortes de juros na reunião de setembro, com três reduções de 0,25 p.p. até o final do ano.

Na China, o Banco Popular da China (PBoC) manteve a taxa de juros para empréstimos de médio prazo (MLF) em 2,3%, após tê-la reduzido em julho. Além disso, o PBoC injetou 300 bilhões de yuans no sistema financeiro para apoiar a atividade econômica em meio à fragilidade do setor imobiliário.

Na zona do euro, a inflação subiu 0,2% em agosto, e o núcleo da inflação, que exclui itens voláteis, aumentou 0,3% no mês. Embora os dados estejam em linha com as expectativas, a persistente inflação de serviços pode influenciar a decisão do BCE nas próximas reuniões.

Bolsa de Valores

 

O Ibovespa encerrou o mês com alta de 6,5% em reais e em dólares, o melhor desempenho mensal de 2024. Na semana, o índice subiu 0,3% em reais e caiu 2,6% em dólares, fechando aos 136 mil pontos. No cenário global, o destaque foi o deflator PCE, que manteve a tendência de desinflação nos EUA. Além disso, os resultados do 2T24 da Nvidia, apesar de positivos, levaram a uma queda de 5,0% nas ações da empresa.

No Brasil, a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central foi bem recebida pelo mercado, especialmente após seus comentários mais duros sobre a disposição do Copom em elevar os juros se necessário. Outro destaque foi a intervenção do BC no câmbio, após a alta do dólar provocada por um rebalanceamento de índice internacional. No final da semana, Roberto Campos Neto afirmou, em painel da EXPERT, que o Banco Central está atento às distorções cambiais e poderá intervir novamente se necessário.

Entre os destaques da semana, Petrobras (PETR3, +9,0%; PETR4, +6,7%) subiu com o aumento do preço do Brent, impulsionado por conflitos geopolíticos no Oriente Médio e interrupções na produção na Líbia. Na outra ponta, Azul (AZUL4, -29,1%) teve queda após rumores de que a empresa estaria considerando um pedido de Chapter 11 nos EUA, equivalente à recuperação judicial. A empresa esclareceu que houve uma má interpretação dos fatos e reafirmou que está em negociações para melhorar sua estrutura de capital.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-governo-indica-o-proximo-presidente-do-banco-central/ https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-sobe-65-em-agosto-e-marca-melhor-mes-do-ano/

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

 

 

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