Dólar a R$5,60 está caro?

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A cotação do real brasileiro (BRL) frente ao dólar americano (USD) é uma variável econômica que atrai grande interesse, dada sua relevância para a economia do país. A taxa de câmbio entre essas duas moedas é determinada, em grande parte, pelas forças de oferta e demanda. Quando há uma maior demanda por reais em comparação com dólares, a moeda brasileira tende a se valorizar. Inversamente, uma maior procura por dólares desvaloriza o real. Com a recente cotação do dólar ultrapassando a marca de R$ 5,60, muitos têm buscado entender os fatores que contribuem para esse cenário de valorização do dólar. Compreender os principais fatores que influenciam essa paridade cambial é essencial para investidores, empresários e cidadãos que buscam entender o impacto dessas flutuações em suas finanças e na economia em geral.

Fatores Internos

Política Econômica e Fiscal

A política econômica e fiscal do Brasil tem um impacto direto na cotação do real. Medidas fiscais, como o controle de gastos públicos e a gestão da dívida pública, influenciam a confiança dos investidores na economia brasileira. Recentemente, os dados de déficits fiscais previstos, e a recuso do governo em conter gastos, tem gerado debates sobre sua eficácia em manter a disciplina fiscal e a confiança do mercado.

Taxa de Juros

A taxa Selic, definida pelo Banco Central do Brasil, é outro fator crucial. Em 2023, o Banco Central manteve a taxa Selic elevada em 13,75% ao ano, como forma de combater a inflação. Taxas de juros mais altas atraem investimentos estrangeiros em busca de rendimentos maiores, fortalecendo o real. No entanto, há pressões políticas para a redução da taxa de juros, o que pode afetar a paridade cambial e minar a confiança do investidor estrangeiro, gerando menor interesse por comprar Real e investir no Brasil.

Inflação

Níveis elevados de inflação corroem o poder de compra do real, desvalorizando a moeda. A manutenção de uma inflação controlada é fundamental para a estabilidade cambial. Em 2023, a inflação acumulada foi de 4,65%, dentro da meta estabelecida pelo Banco Central. Esse controle da inflação contribuiu para uma relativa estabilidade do real. Mas o atual cenário de troca do presidente do BC e o elevado gasto fiscal do governo, tendem a pressionar a inflação para cima. Além do fato de que um dólar elevado, por si só já irá alimentar uma elevação na inflação, já que boa parte da cadeia de valor agregado dos produtos nacionais é importada.

Fatores Externos

Política Monetária dos EUA

Decisões de política monetária do Federal Reserve (Banco Central Americano) têm grande influência na paridade cambial. Em 2023, o Fed continuou a aumentar as taxas de juros em um esforço para controlar a inflação nos Estados Unidos, o que fortaleceu o dólar em relação a outras moedas, uma vez que investimentos seguros estavam rendendo mais do que anteriormente nos EUA, houve uma grande migração de capital em direção aos EUA. Desde então o FED está postergando o corte de juros, isso retêm capital nos EUA. E Impede maiores cortes de juros no Brasil.

Preços das Commodities

O Brasil é um grande exportador de commodities, como soja, minério de ferro e petróleo. Em 2023, os preços das commodities mostraram volatilidade devido a incertezas geopolíticas e à recuperação econômica global pós-pandemia. A valorização dessas commodities no mercado internacional fortalece o real, pois aumenta a entrada de dólares que precisão ser convertidos em Reais no país. No entanto, a recente queda nos preços do minério de ferro tem gerado preocupações sobre a balança comercial brasileira e uma menor compra de real com as vendas do minério.

Fluxo de Capitais

O fluxo de capitais estrangeiros, seja por meio de investimentos diretos ou de portfólio, também afeta a cotação do real. A entrada de capital estrangeiro aumenta a demanda por reais, pois os investidores precisam converter seus dólares para realizar investimentos no Brasil. Esse aumento na demanda por reais tende a valorizar a moeda brasileira em relação ao dólar. Em 2023, houve um aumento na entrada de investimentos estrangeiros diretos, impulsionado por um ambiente de negócios mais favorável e reformas estruturais em andamento, porém esse cenário está se invertendo rapidamente, vimos uma retirada líquida recorde nos investimentos estrangeiros.

Cenário Político

A estabilidade política é fundamental para a confiança dos investidores. Incidentes de instabilidade, incertezas eleitorais ou crises políticas podem desvalorizar o real, pois aumentam a percepção de risco. As reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, são vistas como positivas para a valorização da moeda. A recente aprovação da reforma tributária no Congresso, que visa simplificar o sistema tributário brasileiro, é um passo importante nessa direção.

Em resumo…

A cotação do real frente ao dólar é influenciada por uma complexa rede de fatores internos e externos. A política econômica e fiscal do Brasil, a taxa de juros, a inflação, as decisões do Federal Reserve, os preços das commodities e o fluxo de capitais são alguns dos principais elementos que determinam essa paridade cambial. A estabilidade política e a implementação de reformas estruturais também desempenham um papel crucial.

Para investidores e cidadãos, é essencial acompanhar de perto esses fatores e entender suas inter-relações. A diversificação de investimentos e a adoção de estratégias que considerem a volatilidade cambial são práticas recomendadas para mitigar riscos e aproveitar oportunidades em um cenário econômico global dinâmico e desafiador. A dinâmica da oferta e demanda por moedas é central para entender a valorização ou desvalorização do real, e o aumento da procura por reais para investimentos no Brasil ilustra como esses mecanismos influenciam a taxa de câmbio.

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

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