“Mais ou menos para setembro de 2019, eu comecei a me sentir muito mal: cansado, com fadiga, dor de cabeça. Eu tentava sair na rua, mas eu andava, eu tinha vertigem, parecia que eu estava com labirintite, porque eu tentava andar, eu não conseguia focar e ficava tonto, caía e tudo mais. Foi horrível! Até que um dia eu passei muito mal e minha mãe me levou no hospital”. Foi nesse momento que o empreendedor Phillipe Martins, à época com 29 anos, foi atendido por um cardiologista e descobriu que sofria de hipertensão. “E nos exames que a gente fez, ele descobriu que, além do meu problema de hipertensão, eu tinha refluxo valvar, e nas duas válvulas: mitral e tricúspide”, completou o empresário.
Com histórico de cardiopatia na família, Phillipe descobriu sua condição cedo o suficiente para não fazer parte de uma triste realidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Esse cenário também se repete no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Todos os anos, milhares de brasileiros vão a óbito em decorrência de doenças como hipertensão, AVC, infarto, aneurisma de aorta, doença das artérias carótidas, doença das artérias renais, ou obstruções das artérias que irrigam as pernas, dentre outras.
“Eu sei que esse é um assunto desagradável”, admite o médico cardiologista Leandro Valim, que completa: “mas é muito importante falar sobre ele, porque ele tem impacto na vida da população todos os dias. E como causas, a gente pode falar que as doenças cardiovasculares são multifatoriais, ou seja, tem vários fatores de risco que quanto maior número desses fatores associados, maior a chance da pessoa desenvolver essa doença”.
O Ministério da Saúde alerta quanto aos principais fatores de risco que ajudam no desenvolvimento de doenças cardiovasculares: o tabagismo, o colesterol em excesso – pois podem se acumular e levar à formação de placas de gordura –, hipertensão, obesidade, estresse, depressão e diabetes. Os diabéticos, informa a pasta, têm duas a quatro vezes mais chances de sofrer um infarto. “Então, todas essas causas, quanto mais associadas elas estiverem, maior risco de desenvolver esses tipos de doenças”, alerta Valim.
Diagnóstico, tratamento e prevenção
Muitas vezes as doenças cardiovasculares se desenvolvem ao longo do tempo e, por isso, não apresentam sintomas logo no início. Porém, sinais como dor ou desconforto no centro do peito, nos braços, ombro esquerdo, cotovelos, mandíbula ou costas, podem ser um indício de ataque cardíaco. Além disso, a pessoa pode ter dificuldade em respirar ou falta de ar; sensação de enjoo ou vômito; sensação de desmaio ou tontura; suor frio; e palidez. Mulheres são mais propensas a apresentar falta de ar, náuseas, vômitos e dores nas costas ou mandíbula, indica o Ministério da Saúde.
A prevenção, contudo, segue sendo a melhor forma de tratar as enfermidades que atingem o coração. “O principal passo é fazer uma modificação do estilo de vida, ou seja, adotar um estilo de vida mais saudável, com atividade física regular, com alimentação balanceada, controle do peso – acaba contribuindo para redução da pressão –, melhor controle do diabetes, controle do colesterol, tomar os medicamentos quando necessário, fazer acompanhamento e check-ups regulares. Tudo isso é muito importante para evitar que aquelas doenças todos aconteçam”, orienta Valim.
Para quem a prevenção não foi possível, como é o caso de Phillipe, ainda assim é possível levar uma vida normal, ou quase. “Desde 2019 eu venho me tratando. O meu refluxo é o que eles chamam na medicina de discreto, ele é muito pequeno, não é algo que vai interferir na minha vida desde que eu me cuide para ele não evoluir para uma coisa maior. Mas eu tomo medicamentos para hipertensão desde 2019, vão fazer três anos, e desde então estou aqui vivendo à base de remédio”, brinca o dirigente.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento integral e gratuito para a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares. No primeiro atendimento, nas Unidades Básicas de Saúde, os pacientes encontram ações de prevenção, como acompanhamento e monitoramento de fatores de risco como hipertensão e diabetes. Se houver necessidade, como diagnóstico de doença cardiovascular, o paciente é encaminhado para a Atenção Especializada, onde terá toda assistência para o acompanhamento com especialista, exames, tratamento e os procedimentos necessários, ambulatoriais ou cirúrgicos. O Brasil tem mais de 300 centros especializados de alta complexidade cardiovascular.
Fonte: Brasil 61