Provavelmente você já ouviu o conselho de alguém, principalmente na infância, para não exagerar nos doces, pois isso poderia provocar o diabetes. A doença sempre esteve atrelada ao consumo excessivo de açúcar, que é algo que faz algum sentindo sim. Mas esse não é o único fator determinante para o surgimento dela.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o diabetes afeta cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo. Só no Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes afirmou que, em 2019, mais de 13 milhões de pessoas viviam com a doença, sendo esse um número com potencial de crescimento. O dado é alarmante, uma vez que as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes, são responsáveis por mais de setenta por cento das mortes.
O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, foi uma data escolhida pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para reforçar a conscientização a respeito da doença, principalmente para evidenciar a importância da prevenção e oferecer alternativas para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes. Mas antes de mais nada, vamos entender um pouco mais sobre o assunto!
Como identificar e tratar?
Qualquer pessoa pode ter diabetes, mas é importante analisar alguns fatores de risco para o desenvolvimento da doença, como: a presença de pessoas com diabetes na família, comportamentos sedentários, obesidade, hipertensão arterial e idade acima de 45 anos.
Além disso, alguns sintomas podem indicar a presença da doença. São eles: fome frequente, sede intensa, desânimo, fraqueza, sonolência, tontura, perda de peso, urina em excesso, dificuldade na cicatrização de feridas e infecções frequentes. É importante lembrar que, para cada tipo do diabetes, os sintomas podem variar. Portanto, nada substitui uma avaliação médica. Um simples exame de sangue pode revelar se você tem ou não.
Depois de diagnosticada, o tratamento do diabetes pode ser feito tanto com insulina quanto com a medicação oral. Segundo o Ministério da Saúde, a insulina costuma ser usada para tratar o diabetes do tipo 1, embora sirva para alguns casos de tipo 2, como quando o pâncreas começa a não produzir mais o hormônio em quantidade suficiente.
Já a medicação oral é usada no tratamento de diabetes tipo 2 e, dependendo do princípio ativo, tem o papel de diminuir a resistência à insulina ou de estimular o pâncreas a produzir mais desse hormônio.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, algumas complicações podem surgir se o diabetes não for tratado de forma adequada. São elas: problemas neurológicos, na visão, nos rins, nos pés e nas pernas, além de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. Se o paciente já estiver com diagnóstico de complicação crônica, há tratamentos específicos para ajudar na qualidade de vida.
Estilo de vida como aliado
A alimentação é uma aliada importante no controle e prevenção de diversas doenças, entre elas o diabetes. Conforme orienta Guia Alimentar para a População Brasileira, uma publicação do Ministério da Saúde, o ideal é basear a alimentação em alimentos in natura e minimamente processados, evitando o consumo de ultraprocessados que são ricos em gorduras, sal, açúcar e aditivos químicos.
Segundo o Blog da Saúde, do Ministério da Saúde, pessoas com diabetes devem consumir diariamente verduras, legumes e frutas, preferencialmente crus, por possuírem maiores quantidades de fibras. Já as frutas devem ser consumidas em quantidades adequadas e distribuídas corretamente ao longo do dia.
É importante lembrar que os carboidratos têm maior efeito nos níveis de glicose do sangue, portanto é importante controlar o consumo de doces, massas e gorduras. Além disso, a prática de atividade física ajuda a controlar a glicemia, manter o peso saudável e controlar o estresse, fatores que também contribuem para a evolução da doença. Ter uma vida fisicamente ativa e uma alimentação saudável é fundamental, tanto para prevenir quanto para controlar o diabetes.
CAMPANHA ALERTA SOBRE RISCOS DO DIABETES PARA A SAÚDE DOS OLHOS
As sociedades brasileiras de Diabetes (SBD) e de Retina e Vítreo (SBRV) se uniram à Allergan, da empresa biofarmacêutica global AbbVie, na campanha nacional “Abra os Olhos: o Diabetes pode levar à cegueira. Consulte um especialista. Você pode mudar esta história”. O objetivo é alertar a população sobre os riscos do diabetes para a saúde dos olhos. A campanha ganha maior visibilidade essa semana, quando se comemora o Dia Mundial do Diabetes.
Segundo disse à Agência Brasil o médico oftalmologista especialista em retina Fernando Malerbi, membro da Comissão de Telemedicina e Terceiro Setor da SBRV e do Departamento de Doenças Oculares da SBD, no diabetes, o tempo de doença e a falta de um bom controle clínico, levam à possibilidade de diversas complicações em alguns órgãos alvo. “E o olho é um desses órgãos alvo, assim como os rins e os nervos”.
A doença principal e mais temida que ocorre no olho em decorrência do diabetes é a retinopatia diabética. Essa doença pode levar à cegueira total. Fernando Malerbi esclareceu que a retina “é a membrana que cobre o fundo do olho por dentro e é a parte mais sensível do olho, a parte responsável por traduzir as imagens em impulsos elétricos e levar para o cérebro para que a gente forme a visão”.
Alterações
Segundo explicou Malerbi, a doença ocular diabética não se restringe à retinopatia. Existem alterações na córnea, que é a parte transparente do olho, também relacionadas ao diabetes; alterações ligadas à catarata; e, inclusive, alterações de grau de óculos vinculadas à flutuação glicêmica (açúcar no sangue). Mas a retinopatia é a que mais gera preocupação porque é a causa que mais pode levar à cegueira, que é a perda irreversível da visão na fase tardia. “Se ela for detectada e tratada a tempo, não necessariamente leva a essa perda visual”, destacou o oftalmologista.
Informou que existe uma fase do diabetes em que a pessoa não tem nenhuma alteração no fundo de olho. Mas se ela continuar um tempo com a doença fora de controle, a retinopatia diabética vai começar a aparecer no fundo de olho. No início, pode não causar nenhum sintoma ou apenas sintomas leves e pode ser revertida com controle clínico do diabetes ou até com alguns controles próprios do olho, como laser e alguns medicamentos. Malerbi advertiu, porém, que com o passar do tempo, se o controle for ruim ou houver falta de atenção adequada à retina, a doença vai se instalando progressivamente, de maneira mais grave, até chegar a um ponto em que o dano é irreversível. “A pessoa perde a visão”.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 146 milhões de pessoas no mundo têm algum grau de retinopatia diabética. O diabetes é uma das principais causas de cegueira em pessoas em idade produtiva, entre 20 aos 60 anos de idade, em países desenvolvidos em que essa questão é bem mapeada. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem cerca de 7,4% da população com diabetes, em pessoas em idade produtiva. Segundo a SBD, cerca de 90% dos casos poderiam ser evitados, com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Levantamento da Agência Internacional de Prevenção da Cegueira (IAPB, do nome em inglês) de 2020 indicava a existência no Brasil de quase 30 milhões de pessoas com algum tipo de perda de visão, dos quais 1,8 milhão são cegos.
Segundo Fernando Malerbi, o que define o risco da pessoa desenvolver uma retinopatia diabética é o tempo de duração da doença. “A partir do momento que a doença começa, começa a contar como se fosse um cronômetro. O tempo da doença fora de controle é que constitui o principal fator de risco”. Afirmou que o indivíduo pode ter décadas de diabetes e não necessariamente ter lesão na retina, se tiver um bom controle clínico, “que é o que a gente espera e recomenda”.
Cegueira evitável
O oftalmologista sustentou que a retinopatia diabética é a principal causa de cegueira evitável. “Ou seja, aquela cegueira que, tomadas medidas adequadas, não precisa ocorrer. Se você tem um sistema de saúde que permite ao paciente ter um bom controle e conhecimento da doença, ele conhecer os fatores que promovem um melhor controle, e acesso ao exame do olho, ao diagnóstico”. Deixou claro que se o indivíduo fizer esse exame precoce, no começo, na fase silenciosa da doença, pode ser que já sejam detectadas alterações no fundo de olho que indiquem necessidade de tratamento. Nessa fase, ele pode reverter ou estacionar a doença, “se isso for feito a tempo”. Advertiu que na fase mais avançada da doença, nem mesmo cirurgias oculares conseguem devolver a visão.
No Brasil e em outros países, outro problema se soma a esses, que é o acesso limitado a esse tipo de ação diagnóstica e ao tratamento. Malerbi disse, ainda, que o exame diagnóstico pode ser feito com o médico oftalmologista e, na ausência desse especialista, com algumas alternativas, entre as quais fotografia da retina ou retinografia. “Essas fotos são uma boa maneira de detectar a doença”, indicou.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) promove no próximo sábado, 20, uma maratona de prevenção e conscientização da retinopatia diabética, doença que causa danos à visão e pode levar à cegueira.
Entre as iniciativas está um serviço gratuito de teleorientação, em que é possível agendar uma sessão com um médico oftalmologista para tirar dúvidas sobre a doença. Quem estiver interessado deve buscar um dos horários disponíveis e fazer o agendamento no site 24 horas pela diabetes.
A maratona de teleatendimento é promovida desde o ano passado pelo CBO, e durante todo o dia trará ainda palestras, debates e entrevistas com médicos, cientistas e convidados, que serão transmitidas pelo YouTube. Na página do evento é possível encontrar ainda diversas informações sobre a retinopatia diabética.
Mas você sabe o que é o Diabetes?
O Diabetes Mellitus é uma doença crônica provocada pela falta de insulina ou da incapacidade do organismo de utilizá-la adequadamente. A insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, controla a quantidade de glicose no nosso sangue ou, em outras palavras, os níveis de açúcar.
A glicose é obtida por meio dos alimentos que ingerimos diariamente. Eles são a nossa principal fonte de energia. O corpo precisa da insulina para conseguir metabolizar a glicose adquirida nesse processo. É por esse motivo que surge a má fama dos doces citada anteriormente, pois esses já são alimentos naturalmente ricos em açúcar, que possuem o chamado alto índice glicêmico.
Quando uma pessoa tem diabetes, ela não consegue utilizar a glicose adequadamente, provocando um déficit na metabolização desse carboidrato. Esses casos são caracterizados por altas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia) de forma permanente, condição que pode provocar danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.
Conhecendo os tipos
Apesar da origem ter a mesma essência, existem algumas particularidades que dividem o diabetes em mais de um tipo. Confira a descrição dos principais, de acordo com o Ministério da Saúde:
– Tipo 1: O próprio sistema imunológico da pessoa ataca e destrói as células produtoras de insulina. Ocorre em cerca de 5 a 10% das pessoas com diabetes, sendo mais frequente em jovens e crianças. Por esse motivo, o diagnóstico costuma ser feito na infância e adolescência.
– Tipo 2: Resulta da resistência à insulina. Ou seja, o corpo não produz uma quantidade suficiente do hormônio ou existe uma incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Esse tipo ocorre em cerca de 90% das pessoas com diabetes, sendo mais comum em adultos ou em pessoas acima do peso, sedentárias, sem hábitos saudáveis de alimentação.
– Diabetes Gestacional: Decorrente das mudanças hormonais, a ação da insulina pode ser reduzida durante a gestação. O pâncreas, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar. Essa é uma condição que pode ou não persistir após o parto.
Pré-diabetes: Condição caracterizada pelo nível de açúcar no sangue acima do normal, mas não o suficiente para ser diagnosticado como diabetes. Serve de alerta, pois indica um risco grande da doença se desenvolver.