Junho, julho e agosto são conhecidos como os meses das festas juninas ou caipiras. Nesse período, são realizadas várias atividades envolvendo danças e quitutes típicos.
Mas, infelizmente, também é uma das épocas em que mais acontecem acidentes com explosivos. Todo cuidado é pouco na hora de soltar uma bomba ou alguns tipos de fogos de artifício.
Na história de União da Vitória e Porto União já foram registrados diversos acidentes envolvendo explosivos. O mais conhecido foi no ano de 1998, quando dois jovens, Tiago Ravanelo e Gabriel Metzler de Oliveira, fizeram uma bomba caseira. Tiago perdeu a vida naquela tarde e Gabriel, ao longo dos anos, perdeu a visão e hoje se adapta a nova realidade.
Após o acidente, ele começou a ministrar palestras sobre os perigos dos explosivos e as suas consequências em caso de um acidente. Atualmente com um canal no YouTube e um blog criado em junho, ele, além das palestras, faz vídeos falando sobre seu dia-a-dia e os problemas encontrados pelos deficientes visuais em várias situações.
Neste dia 13 de junho, Gabriel fala sobre o acidente, exatos 19 anos depois.
“Uma brincadeira que mudou a história de famílias e amigos. Devido às lesões do acidente, hoje eu não enxergo nada. Perdi totalmente a visão do olho direito e parcial do olho esquerdo no acidente e fiquei completamente cego no final de 2015, ainda devido às lesões da explosão” descreve no texto que vem acompanhado de recomendações para o uso de explosivos.
Ele termina o texto com um conselho: “Você prefere terminar a festa em casa, feliz com sua família ou em um hospital com dor e sofrimento? Como em tantas outras situações de sua vida, entender que a prevenção é a melhor maneira de se proteger vai te ajudar muito a cuidar da sua saúde e das pessoas que estão próximas a você. Tenha um novo olhar para a atitude segura”, finaliza.
Orientações do Corpo de Bombeiros
O corpo de Bombeiros de Porto União, por meio do Sargento Clodoaldo Santos, chefe do setor de atividades técnicas, comenta os casos de acidentes e orienta a população.
Ele lembra que é proibido vender fogos de artifício para crianças. “O primeiro cuidado é esse. Todo vendedor de fogos tem em sua venda, obrigação de informar os cuidados ao consumidor. O foguete de seis e doze “tiros” tem um suporte para que a mão de quem manuseia não tenha contato direto. Cada explosivo tem um manual de instrução, que deve ser seguido. Importante à leitura antes de soltar cada fogo de artifício”, enaltece.
Santos afirma que os acidentes acontecem, em sua maioria, com os adultos, devido à facilidade da compra dos explosivos. “Problemas com os explosivos se dão muito por estarem com o prazo de validade vencido, ou atingido pela umidade. O explosivo mais comum na causa de acidentes são os foguetes. As regiões do corpo mais atingidas são: as mãos, com ferimentos e amputação; seguida pelo braço, tórax e rosto. As crianças são menos atingidas devido ao menor poder de explosão. Elas sofrem mais com queimaduras”, completa.
A ingestão de bebidas alcoólicas seguida do manuseio dos explosivos também aumenta as chances de acidentes.
Recomendações
“Tendo em vista tudo o que passei, minha família, amigos e principalmente a família do nosso amigo que faleceu, deixo aqui 4 recomendações pensando no seu bem-estar e de sua família, para que você jamais passe pelo que passamos”, diz Gabriel Metzler de Oliveira.
“A primeira e principal recomendação é NÃO MANUSEAR FOGUETES OU BOMBINHAS. Deixe isso para profissionais. Por exemplo, não é a toa que os fogos de artifício da virada do ano são colocados em balsas distantes da praia em Copacabana. Eles são muito perigosos e não dão chances a erros.
– Se estiver em um local onde existam pessoas soltando bombas, se afaste e vá para outro lugar junto com sua família. Muitas vezes, o ferido é quem está próximo e não quem está manuseando.
– Caso você identifique algum lugar onde estão sendo vendidos foguetes, rojões e bombinhas, informe ao Corpo de Bombeiros e à Polícia para que eles verifiquem se o local está devidamente autorizado. Locais irregulares estão colocando em risco toda a vizinhança. São diversos os casos de explosões enormes de locais inapropriados para esse tipo de comércio. E se você identificar locais vendendo para menores de idade, DENUNCIE IMEDIATAMENTE porque É PROIBIDO. Pode ser que você esteja salvando uma vida. Pense o que você gostaria que fizessem se fosse o seu filho?
– Se mesmo assim você ainda quer usar foguetes, rojões ou bombinhas, pelo menos deixe seu filho, filha e família longe. Se você quer correr o risco de perder a mão, sofrer queimaduras, ficar com lesões irreversíveis nos ouvidos e/ou olhos, faça isso sozinho. Não coloque outras pessoas em risco”.