Além de furtar diversos estabelecimentos, ladrão que já tinha sido preso em flagrante, foi liberado por promotora. Lojistas se mobilizam contra impunidade
Em série de furtos ao comércio local realizados no mês de agosto, individuo aterroriza comerciantes de União da Vitória e Porto União. Após ter furtado cerca de seis estabelecimentos, ter sido preso em flagrante na madrugada do domingo 23, e libertado no dia seguinte por ordem da justiça, alegando que ele não representava perigo à sociedade, o rapaz de 20 anos que já soma 3 prisões em flagrante ainda realizou outros dois furtos, na imobiliária Abbas e na lanchonete Moreira, na madrugada do dia 25.
Tendo sido ligado a vários crimes que ocorreram na região, até a data da publicação desta matéria, confirma-se que o acusado já furtou vários estabelecimentos de União da Vitória. Após esses crimes, ele foi detido pela polícia, na madrugada do domingo 23, apenas para ser liberado por ordem da justiça no dia seguinte. Assim que foi liberado da custódia, realizou mais dois crimes, furtando então a imobiliária Abbas e a lanchonete Moreira, em frente ao INSS de União da Vitória. Para entendermos mais sobre os crimes ocorridos, conversamos com Everaldo Antunes Moreira, da lanchonete Moreira, que nos explicou com exclusividade o crime ocorrido em seu estabelecimento. O proprietário da lanchonete Moreira, afirmou em entrevista à redação que “se ela assinou um documento dizendo que ele não oferecia risco iminente à sociedade, acho que ela devia arcar com meu prejuízo”. Indignados, comerciantes locais se mobilizam contra a impunidade e exigem justiça em abaixo assinado.
Moreira começou a entrevista descrevendo a forma como o furto ocorreu. Segundo ele, em torno das 5 ou 6 horas da manhã do dia 25, o acusado teria invadido sua propriedade pelo lote ao lado, “ele puxou o cavalete rente ao muro, subiu pelo telhado, acessou nossa sacada e forçou a porta, e conseguiu abri-la”, relatou. O indivíduo passou pela casa dos donos da lanchonete, que se localiza nos fundos do salão em que o estabelecimento opera, mas não sem deixar sua marca.
Na lavanderia, teria trocado de roupas, deixando uma blusa para trás. Essa blusa era a mesma que ele usava quando foi fotografado na delegacia durante sua custódia, dias antes, provando o envolvimento do mesmo em diversas ações, “Enquanto fazíamos o boletim de ocorrência, minha cunhada chamou falando que tinha uma blusa estranha na lavanderia. Era a blusa com que ele tinha sido preso. Pegou outra blusa e deixou a que ele usava”, disse Moreira.
Enquanto isso, a família dormia em seus quartos, sem suspeitar de nada. Moreira, que já tem sua lanchonete há 15 anos, disse agradecer a Deus que ninguém notou a presença do acusado, “Nós temos tudo a perder, ele não tem nada a perder. Ninguém sai do quarto preparado para pegar um ladrão dentro da sala. O ladrão já esta preparado para te surpreender”, afirma. Então, teria descido para a parte de baixo do imóvel, onde fica o estabelecimento. Levou todo o dinheiro em caixa, aproximadamente 700 reais, e utensílios de cozinha e outros pertences, além de ter se alimentado com a comida das vítimas do assalto que estava na cozinha da lanchonete, “tinha uma nega maluca que havíamos feito na noite anterior toda cortada, tinha Nescau e leite derramado”, e ainda completou dizendo, “Fez um Nescau, sentou, comeu, acessou a geladeira, deve ter feito um pão. Imagino que a hora que ele escutou um barulho, ele saiu pelo outro lado, por cima do telhado”, disse.
Pela manhã, a esposa de Everaldo Moreira desceu para o salão em que opera seu negócio e começou a notar que havia algo de diferente. Havia caixas fora de lugar, a cozinha em que comiam estava bagunçada, “Quando ela veio trazer os salgados para a estufa, viu que não havia mais nada no caixa. Não tinha uma nota, uma cédula”, relatou. Também informou que não só foram furtados mais de 700 reais do caixa, como também os potes de moedas que ficavam no balcão, “É frustrante saber que ele levou um dinheiro tão suado”, relatou. Para Moreira, a polícia foi muito prestativa e educada, “três minutos depois que liguei para eles, vieram fazer o boletim de ocorrência. Deram um apoio bacana, pois a gente levou um susto”, afirmou.
Moreiraainda disse que, apesar da carga tributária altíssima arcada pelos comerciantes, tem a impressão de que “Precisamos construir uma cadeia para ter uma sensação ilusória de segurança. Quem deveria estar atrás das grades é o bandido, e não nós. Somos cidadãos trabalhadores”, disse.
Essa onde de assaltos gerou grande indignação nos empresários da cidade, e a comunidade comercial respondeu. Através de um abaixo-assinado, comerciantes de toda a cidade expressam sua indignação com a impunidade e exigem medidas para reforçar a segurança pública por partes das autoridades competentes. O movimento foi iniciado por Luiz Eduardo Schappo, proprietário da Suprema Pizza.
Schappo informou que o motivo da mobilização é um sentimento de insegurança, “Empresários e comerciantes de Porto União e União da Vitória estão se sentindo desprotegidos e acuados, frente a uma onda de furtos e arrombamentos em nossas cidades”, explicou. Também detalhou os motivos da indignação do setor comercial, “O documento, assinado por mais de 170 empresários e comerciantes, tem como objetivo obter respostas das autoridades locais, visto que um criminoso identificado como autor de diversos furtos e arrombamentos foi preso por 2 vezes pela PM de União da Vitória e logo após liberado. Nossa indagação é: por que não o mantiveram preso?”, completou. Ele esclareceu que, como o indivíduo foi preso duas vezes, concluíram que a PM realizou seu trabalho propriamente, “dirigimos o documento às autoridades competentes relativas à segurança pública, ao judiciário de Porto União e União da Vitória e ao Ministério Público de Porto União e União da Vitória, além de Câmara de Vereadores e Prefeituras”. Para Schappo, a mobilização foi enorme pois, em um período de dificuldades econômicas como o da pandemia, o apelo por atenção e rigor na segurança pública é urgente, “para que possamos concentrar nossos esforços em manter nossas empresas em pleno funcionamento”, disse. Procurado pela redação, o delegado de União da Vitória preferiu não se pronunciar.