A atriz americana Meghan Markle, 36, teve sua primeira experiência feminista aos 11 anos. Foi nessa idade que ela escreveu uma carta em que defendia a igualdade de gênero.
Em uma conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015, em que começou seu discurso dizendo ter orgulho de ser “uma mulher e feminista”, a noiva do príncipe Harry contou que estava na escola, em Los Angeles, quando viu na TV uma propaganda de detergente. A peça comercial da Procter & Gamble dizia que todas as mulheres da América estavam “lutando” contra panelas e frigideiras engorduradas.
“Dois garotos da minha classe disseram: ‘É isso! É onde as mulheres pertencem, à cozinha”, contou Meghan, que é embaixadora da ONU Mulheres e atua em campanhas por direitos das mulheres. “Me lembro de ter ficado chocada e com raiva, além de magoada. Aquilo apenas não era certo e algo precisava ser feito.”
Ela então chegou em casa e contou ao pai, o diretor de fotografia Thomas Markle, que a incentivou a escrever cartas sobre o que ela estava sentindo.
Pequena ativista
A garota então decidiu enviar à empresa as cartas em que descrevia o que havia acontecido e pedia para que o comercial fosse mudado. Ela enviou as mensagens para a primeira-dama americana àquela época, Hillary Clinton, para a famosa advogada defensora de direitos das mulheres Gloria Allred e para a apresentadora de programa infantil Linda Ellerbee, além da fabricante do detergente.
Segundo Meghan, ela não se deu conta naquele momento, mas foi ali, disse, que “me tornei feminista”.
Para surpresa da atriz, algumas semanas depois, ela recebeu de volta cartas de todas as mulheres para quem tinha escrito. Apenas a Procter & Gamble não retornou.
Marido e mulher são iguais
A apresentadora Linda Ellerbee, para quem ela escreveu, decidiu mostrar a história em seu programa de TV. Com a repercussão, a fabricante do detergente acabou mudando a propaganda. Em vez de dirigir seu anúncio apenas às mulheres, mudou para “todas as pessoas na América”.
“Foi naquele momento que me dei conta da importância das minhas ações. Aos 11 anos eu criei o meu pequeno grau de impacto me posicionando por igualdade”, discursou a atriz na conferência da ONU Mulheres de 2015.
“Igualdade significa que o presidente Paul Kagame, de Ruanda, cujo país eu visitei recentemente em uma missão da ONU Mulheres, é igual à garotinha do campo de refugiados Gihembe que sonha um dia em se tornar presidente. Que o secretário-geral da ONU (à época) Ban Ki-Moon é igual à jovem estagiária que sonha em um dia apertar sua mão.”
E prosseguiu: “E significa que uma mulher é igual a seu marido; uma irmã, igual a seu irmão. Nem melhor nem pior – eles são iguais”.
Meghan também disse que as mulheres precisavam “se sentar à mesa” para tomar decisões. E que se não fossem convidadas a isso, precisariam criar suas próprias mesas. “Precisamos de um entendimento global de que não podemos implementar efetivamente uma mudança sem a participação política das mulheres”.
Trabalho humanitário e ativismo
Meghan, que é atriz e interpretou nos últimos anos uma estudante de direito na série Suits, produzida pela Netflix, sempre conciliou a carreira artística com o ativismo.
Além da ONU, ela atua na organização de ajuda humanitária World Vision e costumava escrever sobre igualdade de gênero e racismo, entre outras coisas, no blog que manteve até o início deste ano, The Tig. A atriz, que já foi casada, é filha de pai branco e de mãe negra.
“Eu não era negra o suficiente para papéis de negros e não era branca o bastante para os de brancos”, disse ela uma vez sobre as dificuldades para conseguir papéis por causa de sua mistura racial.
Após seu casamento com Harry, previsto para maio de 2018, é possível que ela deixe de lado o trabalho como atriz. Isso porque algumas normas de conduta da família real britânica podem impedir seu envolvimento em certos tipos de papéis. Nesta quarta (29), a USA Network e a Universal Cable, coprodutoras de Suits, confirmaram que a atriz não estará mais no elenco da série a partir da próxima temporada.
A aposta é que ela se dedique exclusivamente às causas humanitárias, já que a família real apoia diversas delas.