Copom indica que ciclo de alta dos juros pode estar próximo do fim
Em sua última ata divulgada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou cautela ao indicar que a luta contra a inflação permanece desafiadora, exigindo continuidade na política monetária restritiva. Embora reconheça que os efeitos das recentes altas na taxa Selic devam ser observados mais claramente na segunda metade do ano, o comitê sinalizou que o ciclo atual de aperto monetário pode estar próximo de sua conclusão. Analistas projetam a taxa Selic alcançando até 15,50%, com elevações de 0,75 p.p. em maio e 0,50 p.p. em junho.
IPCA-15 surpreende para baixo em março
O IPCA-15 de março, divulgado pelo IBGE, registrou alta de 0,64%, inferior às expectativas do mercado, que variavam entre 0,70% e 0,72%. A surpresa positiva foi impulsionada por preços menores do que previsto em bens industrializados e aluguéis. Contudo, todas as principais métricas permanecem acima da meta anual de inflação de 3%, indicando que pressões inflacionárias persistem, especialmente em razão da depreciação cambial anterior e do mercado de trabalho aquecido. Para o ano de 2025, estima-se um IPCA acumulado de 6,0%.
Nova modalidade de consignado para setor privado ganha força
O governo federal lançou novas regras que ampliam o acesso ao crédito consignado através do aplicativo “Carteira de Trabalho Digital”. A iniciativa estende essa opção para cerca de 47 milhões de trabalhadores privados, incluindo empregados domésticos e rurais. Dados iniciais mostram uma adesão expressiva: entre 21 e 25 de março, cerca de R$ 550 milhões foram contratados por aproximadamente 90 mil trabalhadores, com valor médio individual de R$ 6.200 e parcelas em torno de R$ 320 durante 19 meses, em média. A demanda potencial já ultrapassa 10 milhões de pedidos e 71 milhões de simulações.
Emprego formal supera expectativas em fevereiro
O mercado de trabalho brasileiro demonstrou forte desempenho em fevereiro, com a geração líquida de 432 mil vagas formais, bem acima das expectativas que apontavam 227,5 mil novos postos. A taxa de desemprego se manteve baixa, em 6,8% no trimestre móvel encerrado em fevereiro. Este cenário indica que o consumo e a demanda interna continuarão firmes, pressionando os preços no setor de serviços em curto prazo.
Déficit em conta corrente aumenta com elevação nas importações
A conta corrente brasileira apresentou déficit de US$ 8,8 bilhões em fevereiro, resultado significativamente pior do que os US$ 3,9 bilhões negativos do mesmo mês do ano passado. O principal motivo foi o fraco desempenho da balança comercial, com déficit de US$ 1,0 bilhão, impactado por uma importação excepcional de US$ 2,7 bilhões em equipamento petrolífero da China e atrasos nas exportações agrícolas. As importações permaneceram elevadas, tendência que deve continuar até uma eventual desaceleração econômica.
Resultado primário melhora em fevereiro devido a efeito pontual
O governo central registrou déficit primário de R$ 31,7 bilhões em fevereiro, desempenho melhor do que esperado, especialmente devido à mudança no cronograma de pagamentos de precatórios. Em termos reais, as receitas líquidas aumentaram 3,1%, enquanto as despesas totais recuaram 12,6%, movimento influenciado pelo adiamento de pagamentos judiciais. No entanto, projeta-se desaceleração na arrecadação com o esfriamento econômico, enquanto as despesas, especialmente previdenciárias, devem continuar pressionando as contas públicas.
Cenário Internacional
EUA anunciam tarifas ao setor automotivo; mercado teme inflação
O presidente norte-americano Donald Trump anunciou novas tarifas de 25% sobre automóveis e autopeças importadas, sob alegação de proteção industrial. Representantes do Federal Reserve (Fed) destacaram que a medida elevará os preços ao consumidor e reforça a necessidade de cautela na política monetária. Países afetados, como Alemanha e Brasil, prometem contestar junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Inflação nos EUA permanece alta e confiança do consumidor cai
Em fevereiro, a inflação americana medida pelo índice PCE registrou alta acumulada de 2,5% ao ano, com o núcleo da inflação atingindo 2,8%, ambos acima da meta do Fed de 2%. Indicadores de confiança recuaram pelo terceiro mês seguido, refletindo preocupações crescentes com as políticas comerciais do governo Trump e aumento dos temores de recessão ainda em 2025.
Rússia e Ucrânia concordam em trégua parcial; tensões continuam
Após negociações, Rússia e Ucrânia estabeleceram uma trégua no Mar Negro para proteger rotas marítimas. Entretanto, um cessar-fogo mais amplo segue condicionado à retirada das sanções econômicas contra a Rússia, considerada “irrealista” pelo presidente ucraniano Zelensky. Pouco após o anúncio, novos ataques russos foram reportados em áreas supostamente protegidas.
Bolsa
Ibovespa fecha semana em leve queda em meio à tensão internacional
O Ibovespa terminou a semana com recuo moderado de 0,3%, fechando em 131.902 pontos, influenciado por turbulências globais devido às novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos e preocupações com inflação e atividade econômica. Nos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq caíram 1,5% e 2,4%, respectivamente. No Brasil, apesar dos dados econômicos mistos e da aproximação do fim da temporada de resultados corporativos, ações como Brava (BRAV3) se destacaram positivamente, subindo 19,5%. Na contramão, Embraer (EMBR3) recuou 11,2%, impactada por preocupações com tarifas americanas e realização de lucros recentes.
FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-incerteza-com-tarifas-atinge-confianca-global/ https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-recua-em-meio-a-continua-incerteza-no-cenario-macro-global/