Quando menos é mais

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Você já parou para pensar em como os impostos afetam o nosso dia a dia? Seja no preço do pãozinho na padaria ou no valor daquele smartphone novo, os tributos estão sempre lá, muitas vezes escondidos, mas impactando diretamente o nosso bolso. Mas será que aumentar os impostos sempre significa mais dinheiro entrando nos cofres do governo? Acredite ou não, a resposta pode ser não!

É aqui que entra a famosa Curva de Laffer, um conceito econômico que pode parecer complicado à primeira vista, mas que vamos explicar de maneira bem tranquila. Imagine uma curva em forma de sino que mostra a relação entre a taxa de impostos e a arrecadação do governo. No início, ao aumentar a taxa de impostos, a arrecadação também aumenta. Até aí, tudo bem. Mas chega um ponto em que, se o governo continuar aumentando os impostos, a arrecadação começa a cair. Estranho, né?

Isso acontece porque taxas muito altas desestimulam as pessoas e empresas a trabalharem ou investirem, ou até as incentivam a buscar alternativas para pagar menos impostos, como a sonegação ou a informalidade. Ou seja, o governo acaba dando um tiro no pé: ao tentar arrecadar mais, acaba arrecadando menos.

 

Estados Unidos na era Reagan

Nos Estados Unidos, na década de 1980, o presidente Ronald Reagan implementou uma série de cortes significativos nas alíquotas de impostos, especialmente nas faixas mais altas de renda. As taxas máximas de imposto de renda caíram de 70% para 28%. A ideia era simples: reduzir os impostos para estimular a economia, aumentar a produção, o emprego e, consequentemente, a arrecadação.

E o que aconteceu? A economia americana experimentou um período de forte crescimento, conhecido como “Reaganomics”. A arrecadação total do governo federal aumentou de cerca de **517 bilhões de dólares em 1980 para mais de 1 trilhão de dólares em 1990**. No entanto, é importante notar que, apesar do aumento na arrecadação, o déficit orçamentário também cresceu significativamente devido ao aumento nos gastos públicos, especialmente em defesa.

Rússia e a taxa única de imposto

Outro caso interessante é o da Rússia. Em 2001, o país enfrentava problemas sérios de evasão fiscal e baixa arrecadação. A solução? Implementar uma taxa única de imposto de renda de 13%, simplificando o sistema tributário e reduzindo as alíquotas. Muita gente achou arriscado, mas os resultados foram surpreendentes.

A arrecadação de impostos aumentou significativamente nos anos seguintes. Em 2004, apenas três anos depois, a receita fiscal quase dobrou em relação a 2000. A simplificação do sistema e a redução das alíquotas incentivaram os contribuintes a declararem seus rendimentos corretamente, diminuindo a evasão fiscal e aumentando a base tributária.

Reino Unido e a redução de impostos

Vamos adicionar mais um exemplo à nossa lista: o Reino Unido na década de 1980, sob o governo de Margaret Thatcher. Conhecida por suas políticas econômicas liberais, Thatcher reduziu a taxa máxima de imposto de renda de 83% para 60% em 1979, e posteriormente para 40% em 1988.

Essas mudanças visavam incentivar o investimento e a produtividade. O resultado? O Reino Unido experimentou um período de crescimento econômico e a arrecadação tributária aumentou em termos reais. Além disso, houve uma queda na taxa de desemprego e uma revitalização de setores importantes da economia britânica.

E o Brasil nessa história?

Aqui no nosso querido Brasil, a carga tributária é tema constante de debates e, muitas vezes, de dor de cabeça para os cidadãos e empresas. Com uma das cargas mais altas entre os países emergentes e um sistema considerado complexo, não é raro ouvirmos falar sobre a alta informalidade e a sonegação fiscal.

Será que estamos no ponto da Curva de Laffer em que aumentar impostos não traz mais benefícios? Alguns especialistas acreditam que sim. A complexidade do sistema tributário brasileiro e as altas alíquotas podem estar desestimulando investimentos e o crescimento econômico.

Recentemente, discussões sobre reforma tributária têm ganhado força. A ideia é simplificar o sistema, talvez até reduzir algumas alíquotas, na esperança de estimular a economia e, quem sabe, aumentar a arrecadação no longo prazo. Um sistema tributário mais simples e justo pode incentivar empresas e indivíduos a cumprirem suas obrigações fiscais, reduzindo a informalidade e a evasão.

A Curva de Laffer nos mostra que, em se tratando de impostos, nem sempre mais é mais. Encontrar o equilíbrio é um desafio e tanto, mas essencial para garantir que o governo tenha recursos sem sufocar a economia. Enquanto isso, seguimos acompanhando e torcendo para que as mudanças tributárias no Brasil tragam um pouco de alívio para o nosso bolso e um impulso para o país crescer.

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

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