Aconteceu na semana passada
Mais uma semana desafiadora para os ativos brasileiros se encerrou, o Ibovespa registrou uma queda de -0,6% aos 119.508 pontos. Mesmo com um desempenho acumulado levemente positivo de +0,8%, a Petrobras (PETR4) sofreu um declínio de -3,0% na sexta-feira, após o presidente Jean Paul Prates se pronunciar sobre a política de preços da estatal, além disso, os resultados do 2º trimestre, decepcionaram os investidores. Por outro lado, os frigoríficos foram destaque na semana, com valorizações expressivas: BRFS3 (+19,7%), MRFG3 (+17,9%) e JBSS3 (+9,9%), impulsionados por expectativas mais positivas para os resultados a serem reportados nas próximas semanas. Em contrapartida, a Via (VIIA3) apresentou a maior queda de -11,8%, diante das expectativas de um resultado novamente fraco. O Bradesco (BBDC4) também sofreu com a divulgação de resultados ruins no 2T23, caindo -5,3% na semana e revisando para baixo seu guidance para o resto do ano.
No Brasil
No cenário nacional, o principal evento foi a decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, estabelecendo-a em 13,25%. A decisão foi dividida, com 4 dos 9 diretores votando a favor de um corte de 0,25 ponto percentual, que era o que parte do mercado esperava. O Comitê destacou os efeitos defasados da política monetária e a recente melhora nas expectativas de inflação, considerando o ritmo de 0,50 ponto percentual como “adequado” para as próximas reuniões. Especula-se que as próximas três reuniões de 2023 também resultem em cortes de 0,50 ponto percentual, levando a taxa Selic a 11,75% até o final do ano. Embora essa decisão tenha animado inicialmente o mercado local, a alta não se sustentou, pressionada pelos resultados da Petrobras (PETR4) e Bradesco (BBDC4), bem como pelo cenário internacional.
Nos EUA
Os principais índices americanos tiveram a pior semana desde março, impactados pelo rebaixamento do crédito soberano pela agência Fitch e dados do payroll (mercado de trabalho). O rebaixamento da nota da dívida soberana de longo prazo dos EUA de AAA para AA+ pela Fitch levou as taxas das Treasuries a atingirem os maiores níveis do ano, exercendo pressão sobre o mercado de ações. O relatório de empregos mensal divulgado na sexta-feira mostrou a criação de 187 mil vagas em julho, abaixo dos 200 mil esperados, enquanto a taxa de desemprego teve uma leve queda para 3,5%. Essa desaceleração no mercado de trabalho gerou expectativas de uma pausa no ciclo de alta nos juros, proporcionando um alívio nas taxas das Treasuries, mas que ainda terminaram a semana nos maiores níveis dos últimos meses. O índice de volatilidade (VIX) voltou a subir acima dos 17 pontos.
Além disso, os mercados americanos repercutiram os resultados do 2º trimestre, que se aproximam do final. A Amazon foi destaque positivo, superando as expectativas de lucro e receita e apresentando um guidance acima do esperado. Por outro lado, a Apple reportou resultados mistos, marcando o terceiro trimestre consecutivo de queda na receita, o que resultou em uma forte queda no valor de mercado da maior empresa do S&P 500, perdendo a marca de US$ 3 trilhões.
Na Europa
As bolsas também enfrentaram uma semana negativa, pressionadas pelos dados dos EUA. O destaque da região foi a decisão do Banco Central da Inglaterra em subir os juros em 0,25 ponto percentual, estabelecendo-os em 5,25%.
Na Ásia
O índice chinês CSI 300 foi o único positivo entre as principais bolsas globais, impulsionado por notícias de mais estímulos para fortalecer a economia chinesa.
Dólar e Juros
O dólar fechou a semana em alta de 3,03% em relação ao real, chegando a R$ 4,88/US$. Já a curva DI (expectativa de SELIC) para o vértice de janeiro/37 fechou com uma queda de 6 pontos-base na semana, atingindo 11,08%.
O que esperar para essa Semana
A agenda econômica no Brasil estará agitada. A divulgação da ata do Copom na terça-feira, após a decisão de corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic para 13,25%, será um ponto de interesse. Na sexta-feira, teremos a divulgação do IPCA de julho, para o qual a XP projeta uma leve alta de 0,01% m/m, com uma expansão interanual de 3,87%. O mercado também aguarda possíveis decisões da Petrobras sobre reajustes nos combustíveis, que atualmente operam cerca de 30% abaixo da paridade internacional. Quanto ao cenário internacional, a divulgação do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI) relativo a julho, na quinta-feira, estará no centro das atenções. A inflação ao produtor (PPI) também do mês passado será divulgada na sexta-feira. Na China, serão divulgadas as leituras da balança comercial na terça-feira e a inflação ao consumidor e produtor na quarta-feira, ambos referentes a julho. Por fim, no Reino Unido, o destaque será a leitura do PIB do segundo trimestre na sexta-feira.
FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/selic-em-1325-rebaixamento-do-rating-soberano-dos-eua-payroll-abaixo-do-esperado-e-temporada-de-resultados-ibovespa-cai-06-em-semana-movimentada/
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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