Organização Mundial de Saúde declara pandemia de coronavírus

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Tedros Adhanom, diretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou hoje (11)  que a organização elevou o estado da contaminação pelo novo coronavírus como pandemia. A mudança de classificação não se deve à gravidade da doença, e sim à disseminação geográfica rápida que o Covid-19 tem apresentado. “A OMS tem tratado da disseminação [do Covid-19] em uma escala de tempo muito curta, e estamos muito preocupados com os níveis alarmantes de contaminação e, também, de falta de ação [dos governos]”, afirmou Adhanom no painel que trata das atualizações diárias sobre a doença.

Na Câmara dos Deputados, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a declaração de pandemia não muda as medidas no Brasil. O país continua com o monitoramento das áreas atingidas e com as iniciativas e protocolos já anunciados.

O número de casos confirmados do novo coronavírus no Brasil subiu para 37. O novo número foi divulgado pelo Ministério da Saúde ontem,11. O balanço registra três novos casos em relação ao divulgado terça-feira, 10, quando foram contabilizados 34 casos.

Entre os novos casos confirmados foram identificados um novo no Rio Grande do Sul e dois novos no Rio de Janeiro. No total, São Paulo concentra a maioria das pessoas infectadas (19), seguido de Rio de Janeiro (10), Bahia e Rio Grande do Sul (2) e Alagoas, Espírito Santo Minas Gerais e Brasília (1).

Os casos suspeitos ficaram em 876, um pouco abaixo do total registrados ontem (893). Já os casos descartados somaram 880. A taxa de letalidade (a proporção de mortes em decorrência do vírus pelo número de casos) está em 3,4%.

No panorama global, o número de casos continua subindo. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, que monitora o Covid-19 em parceria com institutos e ministérios de saúde de diversos países, 121.564 pessoas foram diagnosticadas com o novo coronavírus. O número de mortes, no momento da reportagem, é de 4.373. O número de pessoas que não apresentam mais sintomas após terem sido diagnosticadas – portanto, consideradas curadas – está em 66.239.

Foco nos idosos

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou ao divulgar boletim de atualização sobre o novo coronavírus que o foco das ações está em “proteger idosos e pessoas com saúde debilitada, principal grupo de risco do coronavírus”. De acordo com os dados mais recentes, o país tem agora 37 dados confirmados de infecção pelo Covid-19.

O ministro foi à Câmara dos Deputados para tratar do novo coronavírus. Na audiência, chamada de comissão geral pela importância do tema, o titular da pasta apresentou números sobre a circulação do vírus no país e as medidas adotadas pelo governo federal. Tanto ele quanto parlamentares ressaltaram a importância de ampliar os recursos do órgão para o combate à disseminação do vírus.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, abriu a reunião reafirmando que a Câmara está “à disposição” para adoção de medidas e que pretende atuar para viabilizar alocação de recursos para municípios e estados. Não detalhou, contudo, se mencionava uma suplementação do orçamento da saúde ou se tratava da verba já prevista para o setor.

A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) também abordou a necessidade do repasse de mais verbas para estados e municípios. “Grande preocupação que tenho é que orçamento dos estados não suporta a carga do Sistema Único de Saúde. Precisamos garantir mais recurso para média e alta complexidade”, sugeriu.

Mandetta confirmou a importância de ampliação do orçamento da pasta. Ele citou como exemplo o plano de garantir horário estendido para postos de saúde com uma e duas equipes, projetos chamado de Saúde na Hora 2.0. A majoração do horário de atendimento depende da adesão de municípios. O cálculo do ministério é que o programa custe até R$ 900 milhões.

“Temos 40 milhões de brasileiros onde as espirais [de contaminação] podem ser maiores. A gente quer aumentar de 1,5 mil para 6,7 mil os postos de saúde com horário estendido. Este é um dos motivos pelos quais estou pedindo recurso, pois para fazer isso tenho impacto de quase R$ 1 bi”, pontuou Mandetta.

O ministro acrescentou que há um aumento dos custos de insumos utilizados na prevenção e nos tratamentos, como máscaras. Segundo Mandetta, o preço desse item subiu 1.800%, devido ao fato dos países do norte terem adquirido parte importante dos estoques.

Restrição na Câmara

Rodrigo Maia informou que a direção da Câmara vai se reunir ainda hoje para definir uma norma de restrição da circulação de pessoas na Casa a partir da próxima semana. “É importante a prevenção e que Câmara possa restringir acesso, diminuir audiência, restringir acesso ao plenário a poucos assessores”, declarou.

Paraná

A Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba informam o primeiro provável caso de coronavírus (Covid-19) no Paraná. Um morador de Curitiba, de 54 anos, com quadro clínico de tosse e febre, que retornou da Europa no início de março.

Um laboratório particular positivou o exame nesta quarta-feira (11), depois do homem procurar hospital privado, passando em seguida ao isolamento domiciliar.

No entanto, segundo o protocolo e as orientações do Ministério da Saúde, somente após a confirmação pelos laboratórios públicos, como o Lacen do Paraná e a Fiocruz do Rio de Janeiro, é que o resultado passa a ser validado. O material já está sendo encaminhado para a contraprova nas respectivas unidades laboratoriais.

Qualquer informação divulgada de forma apressada, atropelando o fluxo oficial, seja por parte de hospitais ou laboratórios, representa um desserviço à população, gerando instabilidade social e à saúde pública.

A Secretaria de Estado da Saúde reitera que está adotando todas as medidas preventivas e de retaguarda, inclusive com a rede pública hospitalar, com mais de 60 estabelecimentos em várias regiões, pronta para atender os casos que venham a ser confirmados.

Equipes da Sesa estão em alerta, monitorando permanentemente a situação, por meio do Centro de Operações em Emergências (COE), e ressalta o compromisso de informar com total transparência os dados e fatos apurados.

Bolsa de Valores

O Ibovespa despencou 10% na tarde desta quarta-feira, 11, e acionou circuit breaker pela segunda vez nesta semana, diante de temores globais com o novo coronavírus, agora classificado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde. O mecanismo é acionado quados as perdas atingem mais de 10% na bolsa.

Às 15:14, o índice atingiu a queda de 10,11% a 82.887,24 pontos e interrompeu suas negociações por 30 minutos. O Ibovespa não operava neste nível desde outubro de 2018. O volume financeiro somava R$ 21,6 bilhões. As principais bolsas de valores norte-americanas e europeias também registram quedas. O dólar comercial sobe 1,86%, cotado a R$ 4,7310.

A aceleração da queda ocorreu após a OMS categorizar o surto do coronavírus como pandemia.

“Estamos profundamente preocupados com os níveis alarmantes de disseminação e severidade e com os níveis alarmantes de inação. Por isso, avaliamos que o Covid-19 pode ser caracterizado como uma pandemia”, afirmou o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus em entrevista coletiva.

Também pressionando o índice, estavam os papéis de Petrobras, que recuavam cerca de 12% cada no momento da paralisação, após a Arábia Saudita afirmar mais cedo que planeja expandir ainda mais a capacidade de produção de petróleo, impactando no preço da commodity.

O QUE É CORONAVÍRUS

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (nCoV-2019) foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.

Os primeiros coronavírus humanos foram identificados em meados da década de 1960. A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

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